Blecaute
Inspirada nas
histórias de um jovem delinquente de Glasgow
de Davey Anderson
Tradução
Marco Aurélio Nunes
Uma nota sobre o
texto
Esta peça não vem com
manual, nem com uma série de instruções para sua encenação. Como irão ver, não
existem marcações de palco definidas e nenhuma indicação na margem do texto de
quem fala o quê. Também não apresenta uma transcrição literal das minhas entrevistas
com o jovem cuja história é contada, embora a maioria das palavras seja dele e
não minha. O texto impresso aqui tem o propósito principal de ser uma obra de
transmissão verbal de uma história, deixada em aberto para acolher diferentes
interpretações visuais e teatrais. As palavras podem ser ditas por qualquer
número de atores, de um a cem. As falas podem ser alteradas, quando apropriado,
para se adequarem aos dialetos dos atores. E a direção pode ser tão simples ou
elaborada quando vocês quiserem. Meu único pedido é que algumas coisas sejam
deixadas para a imaginação da platéia.
1
Imagina
Você acorda
Abre os olhos
E fica tipo assim
Onde é que eu to?
Uma sala pequena
Luzes fortes
Paredes brancas
Uma porta de metal
Caramba!
Imagina que você acorda e está numa cela de prisão.
Você vai até a porta.
Você esmurra ela.
Gritando
Berrando
O que é que eu to fazendo aqui?
Tum Tum Tum
E imagina que o gambé vem até a porta.
E ele vem com essa
Fala baixo aí.
E você diz
Que foi que eu fiz?
Ah, CE não ta sabendo?
Você balança a cabeça.
Qual é?
E o gambé fica só olhando pra sua cara que nem CE fosse mó
marginal, ta ligado?
Imagina que ele fica só olhando pra sua cara e manda essa
Cê tá sendo acusado
de tentativa de homicídio, pentelhinho.
E você ia ficar tipo assim
Fala sério
Que foi que eu fiz?
E você ia começar a lembrar
De tudo
Desde o comecinho
E ia tentar lembrar
Como é que eu vim parar aqui?
2
Então, você ia começar a lembrar do seu pai.
Ele batia em mulher.
Ele batia na sua mãe todo o dia
Do dia que eles se casaram até o dia que eles se
divorciaram.
Ele sentava feio a mão nela.
Então ela parou de trabalhar.
Ela não saía mais de casa.
Porque ela tinha vergonha.
Ela não tava mais a fim de ficar andando na rua com a cara
toda roxa.
E você ia lembrar que sua mãe não queria que você crescesse
e ficasse que nem ele.
Ela queria que você fosse um advogado famoso
Ou um médico famoso
Um famoso qualquer coisa.
E você ia lembrar que vocês eram pobres.
Mas não eram miseráveis.
Porque sua mãe ainda dava um jeito de botar a janta na mesa
toda noite.
Ela dava até o último centavo pra você.
Ela não ligava muito pra ela mesma.
Mas você ia lembrar que nunca falava direito com ela.
Porque você chegava da escola e subia as escadas direto.
Tiago?
Hein.
Seu jantar ta na mesa.
Você descia. Pegava o prato.
Obrigado, mãe.
Subia de novo as escadas.
Então você nunca falava direito com ela.
3
Mas você ia lembrar do seu avô.
Ele era a coisa mais parecida com um pai de verdade que você
tinha.
Ele tomava conta de você.
Ele fazia tudo que um pai faria.
Ele segurava na sua mão
Ele levava você pra fazer compras
Ele jogava joguinho idiotas com você
Mas o melhor de tudo, ele levava você no jogo do Corinthians
todo sábado.
Ele levava você pra ver as passeatas políticas.
Você ia lembrar de como ele te ensinou a tocar flauta.
Mas você não tocava Caminhando e cantando
Nem pendurava a bandeira do “Partidão”
Ele te ensinava a guardar essas coisas pra você mesmo.
Mas aí, ele teve câncer
Você ia se lembrar disso.
Então toda noite você ia ficar junto dele.
Jogar um carteado
Ajudar ele a montar um quebra-cabeça
Tomar um café e ficar olhando pela janela de trás.
Você ia lembrar de que era lá que os moleques da sua turma
costumavam brigar com os moleques da turma da rua de baixo.
Eles partiam pra cima uns dos outros com garrafas e tijolos.
Depois com porretes e tacos de beisebol.
Depois com facas.
Você ia olhar pela janela pensando tipo assim
Aquele pirralho ta com uma espada?
Eu tô vendo isso mesmo?
E você e o seu avô
Vocês ficavam lá sentados e diziam
Por que é que eles estão brigando?
Porque o vô nunca se metia a sair batendo nas pessoas.
Ele mandava o recado dele com aboca, não com as mãos.
Ele só precisava falar, que todo mundo prestava atenção.
E você ia se lembrar de que sempre quis ser igual a ele
quando crescesse.
4
Mas quando você tava crescendo, você não tinha muitos
amigos.
Porque você era quieto demais.
Você era tímido.
Você era o garoto baixinho, tímido e cdf.
Você não se entrosava com ninguém.
E os amigos que você tinha, eles te usavam, ta ligado?
Porque era batata, se tivesse fazendo um puta dia de sol,
todos eles se mandavam e deixavam você em casa.
Mas saca só, se tava chovendo lá fora, eles chegavam no seu
cafofo e diziam
Oi, Tiago
Faz uma cara que eu não te vejo.
Como é que cê ta?
A gente pode dar um tempo aqui?
Eles não tavam nem aí com você
Eles só queriam um lugar pra dar um tempo.
5
E era assim na escola
Você levava porrada porque era gótico
Só porque você tinha cabelo comprido e usava coturno preto.
Eles chamavam você assim
Ô, urubu.
Ô, olha só pra ele
Ô, urubu!
Seu gótico nojento!
Você trepa com gente morta?
Como é que é?
Você vai pros cemitérios e fica zanzando pó lá, né?
Não.
Fica sim. Eu já te vi.
Desenterra os caixões na moral e estupra os cadáveres.
Seu animal nojento!
E você ia se lembrar das surras.
Um dos sacanas tirava o cinto
Ele enrolava o cinto na mão
E te dava porrada com aquilo.
Ah!!!
Depois, eles te jogavam escada abaixo
Não!
Chutavam as suas costelas
Para!
Mata esse urubu!!
E eles se mandavam na moral
E deixavam você lá, caído no chão
Enrolado feito uma bolinha.
Você ia lembrar de cada soco.
6
E você ia lembrar que não podia contar com ninguém.
Porque seu avô tava no hospital.
Então você só ficava sentado no seu quarto assistindo filme
de terror
Noite após noite.
Ou lendo livros sobre serial killers.
Ou só olhando pra todas as figuras.
Aquilo te dava uma sede de sangue.
Aquilo te botava mó pilha
Ler sobre os assassinos.
Porque eles eram pessoas normais.
Mas eram misteriosos.
Qual é o barato deles?
O que faz eles pirarem de vez?
O que leva uma pessoa a fazer aquilo com outra?
Isso te fascinava.
7
Imagina
Você ta numa cela de cadeia
E começa a lembrar de tudo isso.
Mas não consegue lembrar de tudo isso.
Mas não consegue lembrar do que fez.
E então eles te levam pra uma unidade de segurança.
E eles levam embora o seu cinto
E eles levaram embora os cadarços do seu sapato
E eles levaram embora qualquer coisa que você possa usar
para se matar.
Aí, um tal funcionário superior entra para falar com você.
E você pergunta pra ele
O que foi que eu fiz?
Filho, eu não posso te dizer.
Como assim, não pode me dizer?
Você precisa pedir uma ficha.
Então você pede a ficha.
E ele sai para buscar.
Imagina você esperando ele voltar.
Sua cabeça pirando.
Se lembrando...
8
Uma noite
Você apanhou só porque tinha cabelo comprido.
Aqueles caras te seguiram até em casa com facas de
açougueiros e peixeiras.
Gritando
Mata o urubu!
Tentando te esquartejar
O caminho todo, até a porta da frente da sua casa.
Oi, Tiago.
Como foi a aula?
Você sobe as escadas direto.
Pra dentro do seu quarto
Bum!
Você olha no espelho.
Eu não sou urubu.
Você pega a tesoura.
Você corta seu cabelo mó curto.
Passa a gilete e raspa até a pele.
Tiago?
Aí, você olha pra você mesmo.
Seu jantar ta na mesa.
Já vai.
Vou mostrar pra eles que não é pra se meter comigo.
Você cata o prato.
Obrigado, mãe.
Péra um pouquinho.
Que foi?
O que aconteceu com o seu cabelo?
Você nem aí.
Eu me livrei dele.
Ela te dá uma olhada esquisita.
Você está parecendo um
skinhead.
9
Foi aí que você começou a assistir filmes tipo Skinheads – a
força branca
E A outra história americana
E você pensava lá
dentro de você
É isso que eu vou fazer.
Aí, você começou a usar as botas grandes, do tipo militar.
A jaqueta de aviador
Os suspensórios
A coisa toda.
10
E aí você ia pra escola.
E fazia a saudação nazista nos corredores.
E as pessoas passavam batido por você.
E elas olhavam pra você tipo assim
Ufa
Ele é mó pirado.
Mas a sensação era
boa.
Porque você tava enchendo o saco deles.
E os professores falavam tipo assim
Para fora da classe.
Por que você está vestido desse jeito?
Porque eu gosto.
Vai pra casa colocar seu uniforme.
Você não vai poder voltar para escola se não mudar de roupa.
Aí você foi
Tá. A vida é minha. Eu visto o que eu quiser. Eu falo o que
eu quiser. Eu faço o que eu quiser.
E você acendia um cigarrinho
E começava a andar pela escola
Fumando
Bancando o cara durão.
Ô, olha lá
Saca só o jeito dele.
E quando os sacanas viam você, em vez de sair correndo, você
dizia
Beleza, quem vai ser o primeiro?
O que CE vai fazer, seu babaca?
Dois segundos.
Como é que é?
E você fazia assim
Tssssssss
E apagava o cigarro na sua própria pele.
Quem vai ser o primeiro então?
Cê ta legal?
Vamos nessa, quem vai me dar o primeiro soco?
Tiago...!!!
Vai. Eu vou colocar as minhas mãos pra trás.
Você precisa dar um jeito nessa sua cuca, cara. Cê não ta
legal.
Aí, você pega uma cadeira
E joga em cima do filho da puta.
Aí ele começa a te socar
O pau comendo
Todos eles começam a te espancar
Tiago!!
O que você está fazendo?
Não é do seu feitio.
Mas você fica lá
Com a cara ensangüentada.
Ô, a sensação é boa, mas sei lá.
11
E você ia lembrar que foi aí você começou a adorar a dor.
Os socos não machucavam mais.
Você se acostumou a ter aquela descarga de energia
A sensação do sangue pulsando nas suas veias.
E você ficava lá sentado no seu quarto
Com um monte de pôster nazista pendurado na parede
E você escutava música
Com aquela guitarra
E aquela batida que
te deixava no ponto
E você ficava imaginando como seria arrebentar o lábio de
alguém
Ou abrir alguém com uma faca
Retalhar todo mundo
Só de pensar nisso já te fazia se sentir todo poderoso.
12
E você ia lembrar da noite que finalmente aconteceu...
Tava chovendo.
Tiago?
É a sua mãe.
Gritando lá da escada.
Desliga essa música.
Vou dar um pulo no hospital pra ver o seu avô.
Você não responde.
Você quer vir comigo?
Hoje não, mãe.
Tem certeza?
Não, quero ficar em casa e assistir esse filme.
Bom, você quer ir até lá pra ver ele amanhã?
Tá bom, mãe. Tá.
Tudo bem.
Vou falar que você perguntou por ele.
Até mais tarde.
Ela sai naquela chuva.
Você coloca um filme de sangue.
Corta
Decepa
Rasga
Esfaqueia
Sangue e tripas.
Você olha pro filme com cara de nada.
Aquilo já não basta mais pra você.
Aí, alguém bate na porta
Toc toc toc
Você aperta o pause.
Abre a porta.
Beleza, Tiago.
Beleza.
O que cê ta fazendo?
Nada. Só tava de bobeira no meu quarto.
Sua mãe tá aí?
Não.
Cê tá sozinho?
Tô.
É, cara, o Tiagão ta sozinho em casa!
É!
Todos eles vão entrando.
Vamo nessa.
Tá afim de um beck?
Hum
O que CE ta vendo?
Nada.
O que é isso?
É uma suástica.
O que cê ta fazendo com uma suástica pendurada na parede?
Você é nazista por acaso?
Sorriso amarelo
É.
Eles todos olham pra você.
Por que é que cê ta nessa?
Porque sim. Eu sou ariano. Preciso proteger meu sangue
branco.
Ah, ta. E como é que CE vai fazer isso?
Espera só pra ver uma coisa.
Você enfia a mão por debaixo da cama
E você saca uma espada.
Porra caralho.
Que qui é isso?
Uma Mamba Negra;
Onde cê deslocou isso?
Eu achei.
É mesmo? Porra...
Você morreu com quanto pra comprar isso?
Você nem aí.
Eu compro de você por vinte conto.
Não.
Cinquenta paus então.
Vai tomar no cu.
Cem pratas.
Olha o estrago que dá pra fazer com isso.
Você já decepou alguém?
Você sorri.
Todo orgulhoso.
Olha só pra ele
O maluco.
Daí...
Chaves na porta.
Depressa
Esconde a lâmina.
Passos nas escadas.
O que está acontecendo aqui?
Nada, mamãe.
Ela desconfia.
Você só chama de “mamãe” quando faz alguma coisa errada.
A gente só tava assistindo um filme.
Acho que está na hora dos seus amigos irem pra casa.
Até mais.
Tchau, Tiago.
Falou.
Eles somem.
E a sua mãe olha bem pra sua cara.
Tiago, senta aí, eu tenho uma coisa pra te contar.
Não, mãe.
Sinto muito, Tiago.
Mãe, não!
Tiago, fica calmo.
Não.
Sinto muito. Aconteceu.
13
Era disso que você ia se lembrar.
Você ia se lembrar da noite em que seu avô morreu.
Foi quando você morreu por dentro.
Você ia se lembrar de como você queria imobilizar alguém no
chão
E arrancar os olhos do sujeito.
Ou pegar um taco de beisebol
E arrebentar a cabeça do fulano.
Só pra tirar a raiva de dentro de você.
Porque ela estava crescendo
Toda essa raiva
É você não tinha um jeito de deixar ela sair.
14
Imagina que tudo isso está passando pela sua cabeça enquanto
você espera numa salinha sem o cinto nem os cadarços.
E aí o funcionário superior volta com a ficha.
Ele te entrega a ficha e você começa a ler.
Mas você não consegue se concentrar nas palavras
Então você pede pra ele ler pra você.
O que diz aí?
Me fala de uma vez! Fala!
Você não lembra mesmo?
Você balança a cabeça.
Agressão.
Incêndio.
Tentativa de homicídio.
É isso que ele te fala.
Você se lembra agora?
Uma parte.
Po que você não me conta o que aconteceu?
Vou tentar
Aí você começa a contar a história...
15
Onde você estava?
Você estava na cidade.
Com quem você estava?
Você tava com a sua galera.
A galera dos seus amigos.
Gente que eles conheciam.
Mas você não os conhecia?
Não.
Seus amigos estavam onde?
Eles foram todos embora e deixaram você com essa gente que
você não conhecia.
Por quê?
Você não sabe.
Mas você começa a se lembrar.
Um deles te dá uma garrafa de vodca.
Toma, tá afim de um trago?
E você tipo assim
Tô.
Bebe pura.
Como?
É só beber ela pura.
Então, você bebeu
Você tomou só um golinho.
Tinha um gosto estranho.
Não toma
Tem alguma coisa errada.
E eles tipo assim
Vira tudo.
E você disse
Beleza.
Porque você não tava a fim de bancar o cdf babaquinha.
E você tomou um trago bem grande do troço.
E tinha Ecstasy
E tinha Valium
E você não sabia o que tinha naquilo.
E na hora que seus voltaram, você já tava doidão.
Tiago?
Você parecia “ O Médico e o Monstro”.
Beleza, veio?
Porque, num instante, você tava legal.
Onde é que cês tavam?
Senti mó falta de vocês.
Mas daí, no instante seguinte
É, onde é que cês tavam, é, onde é que cês tavam, é, onde é
que cês tavam?
Tipo assim.
Me deixaram aqui, né? Cês querem que eu vá aí e acabe com a
raça de vocês?
Pega leve.
E você tava olhando pras pessoas.
Mas não tava apenas olhando pra elas.
Você tava olhando pra elas como se estivesse procurando uma
vítima.
Tiago, deixa disso
A gente precisa te levar pra casa.
E você lembra deles te levando pra casa.
Mas aí...
16
Tudo que você se lembra é
Gritaria
Você conseguia ouvir a gritaria.
Era que nem estar dentro de um sonho
Mas ainda estar acordado ao mesmo tempo.
E tudo que você ouve é
Tiago?
Cê ta legal?
E você sente o seu sangue fervendo.
O que houve com você?
O que você tomou?
Tiago?
E você começa a esmurrar
Tiago, não!
E a chutar
Tiago, para!
E você sente suas mãos na garganta de alguém.
O que cê ta fazendo?
Espremendo.
Não!
Para!
Por favor!
Tiago!
Não!
E então, os gritos!
E então
Ficou tudo preto
17
Imagina que você fez isso com alguém.
E você não sabe por que você fez isso.
Você só
Você queria vingança.
Você estava tão machucado
Você queria machucar outra pessoa.
Mas essa tua vingança, não foi por mal.
Você só precisava de um amigo.
Você só precisava de alguém pra conversar.
Mas em vez disso, você quase matou alguém naquela noite.
É
Você se lembra
Você se lembra de tudo.
18
Agora imagina isso
Eles te levam pra um tribunal
E eles te colocam na frente de uma juíza
E a juíza diz
Filho, eu vejo milhares de garotos como você
Todo ano
Que são acusados
exatamente dos mesmos crimes.
E a maioria deles acaba na cadeia por até dez anos.
E você fica lá em pé
Tremendo feito vara verde
Pensando
Nossa.
Dez anos.
Por favor, não.
Vai ser o meu fim.
Aí ela diz
Mas alguns deles
Eu olho para alguns deles aí onde você está
E eu sei que o lugar deles não é na cadeia.
Eu sei que eles só cometeram um erro idiota
E que o que eles realmente precisam é de alguém que lhes dê
uma chance.
E ela olha pra você direto no olho.
Você é um desses garotos de sorte.
Eu vou lhe dar uma sentença de liberdade condicional.
Três anos.
E você, tipo assim
Obrigado.
Mas se você sair da linha durante esse período, vai cumprir
dez anos na cadeia.
Você entendeu?
Sim.
Você pode deixar o meu tribunal.
Isso significa que você está livre.
19
Você sai
O sol brilha lá fora
Você respira bem fundo
E a sua mãe está lá
Esperando.
Ela olha pra você.
Você olha pra ela.
Como é que ela vai confiar em você de novo?
Mas ela vem andando na sua direção
Mãe, desculpa.
E ela vem correndo pra me dar as boas-vindas.
Aí nela diz
O que é que você vai fazer da sua vida?
20
Imagina.
Imagina se tudo isso acontecesse com você.
O que você ia fazer?
Sabe o que eu ia fazer?
Eu ia começar a falar.
Eu ia contar a minha história pras pessoas.
Porque quando eu fiquei com raiva
Eu quase perdi tudo.
E tudo que eu queria de verdade era alguém que sentasse do
meu lado e prestasse atenção em mim.
E aí você ia pra casa.
Você ia arrancar todos os seus pôsteres nazistas.
Ia dar um fim em todas as suas facas.
Você ia olhar no espelho e tentar imaginar
O que vem depois?
E aí você ia deitar na cama.
Você ia puxar as cobertas.
E você ia desligar a luz.
Blecaute.